quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um lugar chamado casa

Segue texto que li na festa de ano novo aqui em casa, aproveitando que meus pais completaram 30 anos de casado dia 29 de Dezembro

Quero aproveitar o momento de ano novo para relembrar outra data importante vivida por nós neste ano de 2009. Meus pais completaram 30 anos de casado no dia 29 de Dezembro, firmando um compromisso selado quando eu e meus irmãos não éramos nem nascidos, quer dizer, pelo menos eu espero (risadas).
Desse tempo em que meus pais estão juntos eu vivi apenas vinte e seis anos, 113 dias e algumas horas. Tempo suficiente para aprender um conceito que me guardou, me guarda e tenho certeza de que me guardará para o resto de minha vida. Estou falando do conceito de casa.
Casa, para mim e meus irmãos, meus pais e agora os sobrinhos, é diferente da construção de pedras, tijolos e areia, muitas vezes passageira, um bem que se pode vender, trocar ou mesmo dar. A casa de que falo foi construída com o coração.
Casa para nós significou oração, joelhos dobrados perante Deus com o único objetivo de pedir orientação, direção para os filhos em suas jornadas, força para que tudo corresse da melhor maneira possível. Casa também representou renúncia, de uns para que outros pudessem ter seus sonhos realizados, seus projetos concretizados.
Quero pegar emprestado, se me é permitido, uma frase que ouço de minha mãe desde pequeno, e vem de minha avó Anisse. “Uns morrem para que outros possam viver”. E morte aqui não significa fim da existência, mas sacrifício em prol de outros. Meus pais foram esses, que não viveram outra coisa a não ser aquilo que imaginavam ser o melhor para os seus filhos. Decidiram e viveram o sacrifício, a renúncia, para que hoje eu, meus irmãos e os netos que vieram pudessem ter vida. Vida própria, liberdade, capacidade de decidir sobre os seus próprios caminhos, seus próprios rumos, seus próprios desejos.
Essa liberdade muitas vezes gerou dúvida em mim. Desde pequeno me perguntava: por quê meus pais nunca interferiram em um único plano que eu tive, em um único projeto, mesmo sabendo que poderia dar errado, que poderia não funcionar? Até que um dia, conversando com minha mãe, fiz essa mesma pergunta, e ela respondeu: eu vivo pela fé, meu filho.
Meus pais sempre souberam quem é o Deus que servem, e quão fiel é esse Deus. A resposta de minha mãe selou qualquer dúvida, qualquer medo, qualquer margem de desespero.
Esse é um dos significados de casa para nós. O valor desta palavra está também no fato de ser um local de descanso, um lugar de repouso. Casa é para onde nos voltamos depois de uma longa jornada, depois da fadiga, ou até mesmo depois da guerra.
É onde os feridos vem e recebem a cura, matam a fome. Durante esses anos, também aprendemos a voltar para casa, a guardar na lembrança esse lugar de descanso, onde o amor e a paz imperam e a tristeza nada mais é do que uma história passada, um conto de fadas.
Gosto de usar frases que de certa maneira resumem o sentimento que tenho. E uma das expressões que mais sintetizam o conceito de casa e como devemos guardar o nosso lar em nossos corações é uma música de James Taylor, chamada Enough to be on you way ou É suficiente estar no seu caminho. Ela diz: Casa, construa-a por trás de seus olhos, carregue-a em seu coração, segura e a salvo dentro de você.
A canção foi escrita depois que James Taylor perdeu um irmão. Mas, independentemente da história por trás dos versos, o significado de casa vale para todos nós, em qualquer momento ou contexto.
Como filho, e acredito falar em nome de todos os meus irmãos, meus cunhados lázaro, Rosana e Regiane, e meus sobrinhos, penso que enquanto houver um lugar chamado casa, enquanto houver um ambiente de descanso, enquanto pudermos olhar para dentro de nossos corações cansados e achar repouso em tudo o que você representaram para nós, pai e mãe, e estendo a fala para todas as famílias presentes aqui hoje; enquanto a casa estiver ali, nos esperando, vai fazer sentido sonhar, vai fazer sentido viajar dez mil quilômetros e voltar, vai fazer sentido construir.
E eu tenho a certeza e fé de que a casa vai continuar por mais trinta anos, com suas virtudes e defeitos, seus problemas e desafios, seus conflitos e soluções, pois nós sabemos sobre quem ela foi construída. A nossa rocha é Cristo e é ela quem sustenta o nosso lar até hoje. Pai, mãe, nós amamos vocês e, por mais que não confessemos, sabemos que ao final de tudo, da nossa jornada, do nosso trabalho, o lugar em que queremos estar é a nossa casa. Talvez nem sempre fisicamente, mas com os nossos corações.
Essa homenagem que faço aos meus pais tem tudo a ver com o que desejamos para todos nós nesse ano que se inicia, 2010. E como eu imagino que não há mais ninguém para chegar, talvez alguém que ganhou na mega-sena, desejo que em 2010 estejamos cada vez mais ligados e grudados àqueles que sempre se importam conosco, àqueles que sempre se preocupam, que estão lá sempre: nossa família.
E mais do que bênçãos, fortuna, 140 milhões na mega-sena, peçamos a Deus que a nossa família seja abençoada em sua essência, em seu amor, em sua paz. As minhas orações são para que não deixemos que o dia-a-dia turbulento nos tire do sossego, da paz que a casa representa.
Vejo muitos lares de amigos, conhecidos, gente que passa diariamente pelas nossas vidas, se transformarem em uma arena de leões, em uma selva, literalmente, simplesmente porque não entenderam que a casa é sagrada. Ninguém pode tocá-la ou transformá-la com jóias, riquezas passageiras.
A casa deve permanecer. E durante 26 anos eu tenho visto uma casa que continua, uma casa que cresce, uma casa que se espalha. Se eu perguntasse aos presentes, “quantos de vocês foram tocados ou tiveram as vidas transformadas simplesmente por ter visto o exemplo desse casal?” tenho certeza de que todos, absolutamente todos levantariam as mãos.
O que desejo para todos é que sigam o exemplo desse casal para o próximo ano, se lembrando que quem constrói a casa não somos nós, mas o Deus que vive em nós. Não é ouro ou pedra que nós, filhos, cunhados e netos, carregamos em nossos corações. Diferentemente, ouvimos diariamente o eco que ressoa constantemente das orações e do amor de meus pais. E o que temos recebido sempre por meio deles, é o que desejo para todos vocês, em 2010 e por toda a vida.
Deus abençoe a todos, feliz ano novo!!!!!!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Meu mais novo brinquedinho




Recebi hoje pelo correio esse manual de telejornalismo da Rede Globo, de 1985. Uma raridade que pode ser muito útil para um aspirante a repórter de televisão. Uma dica para quem procura livros antigos e com preços atraentes é a Estante Virtual, que reune sebos do país todo em um único endereço. Aí vai: http://www.estantevirtual.com.br/

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ah, sei lá

Última postagem do dia, só pra dizer que estou chateado por ter tentado postar um vídeo e não ter conseguido. Boa noite, ou dia, depende da hora em que você ler isso aqui.



Tirando o atraso

Sabem quando a gente só quer escrever pra poder dar volume ao blog e tirar o atraso do tempo que a gente ficou sem postar? Pois é, esse é um desses momentos. E como não há regra dizendo o que postar e o que não postar em um blog, vou fazer isso mesmo.

E se você está pensando que vai me impedir com esse olhar de piedade, não vai não. Para de insistir, desiste, porque eu vou continuar essa postagem. O blog é meu, caramba, eu faço o que quiser. Quando um cara famoso, tipo o noblat ou o Diogo Mainardi escrevem uma coisa dessas, todo mundo aplaude!! Só porque sou eu vocês vão encrencar? Não aceito não!!

Um dia, quando eu for famoso, ganhar na mega sena, quem sabe, vou ter um blog conhecidíssimo, em que só milionário vai entrar, aí vocês vão ver!!! Por enquanto estou aceitando pobretões, desdentados, maltrapilhos, todo mundo. Até a Dona Olga, de 92 anos, aposentada que aprendeu a usar internet tem pouco tempo, passa por aqui. Mas deixa eu ficar rico, deixa.

Hoje o dia é tão bonito
Mas o espelho é tão feio

As ruas estão movimentadas
Mas o sangue estacionou na veia

O céu claro
O quarto escuro

A vida pulsa
E o corpo morre

Mas os negócios
Os negócios prosperam

Mais uma vez repito: como no momento estou no controle deste blog, me dou ao direito de escrever, parar de escrever, colocar uma pausa, colocar textos legais, textos ruins, textos como esse que você está lendo. E posso até... te expulsar do meu blog. Beijos, miguxo, te amo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Metalinguagem do blog

Escrever sobre o seu próprio blog é uma tarefa um tanto complicada. Primeiro porque estar todos os dias envolvido com o trabalho de atualizá-lo deixa o autor dos textos um tanto cego. Eu, por exemplo, dificilmente reparo em um erro do Hortelãs Hidropônicas. Para mim, autor, é o blog perfeito, sem erros. Segundo, porque ninguém tem paciência de ficar comentando seus próprios textos, é preferível produzir algo novo do que comentar o que já está pronto.

Mas acho que cheguei em um momento propício para fazer uma reflexão sobre minha experiência como blogueiro. Há aproximadamente cinco meses criei o Hortelãs Hidropônicas, com o objetivo de falar sobre aquilo que eu não costumo dizer no dia a dia, mas que fica engasgado na garganta.

Foram vários poemas, textos de humor, frases, interações com o público leitor (pequeno, mas que existe, eu sei que existe) com o objetivo de fazer uso da arte de escrever. Acho que essa meta inicial de postar no blog foi cumprida.

Estou agora passando por um momento diferente: quero aumentar o número de leitores do blog e por isso estou tentando escrever um texto por dia, como praticamente aconteceu em Dezembro. Penso que trabalhando dessa maneira, posso em alguns meses fazer um blog que seja interessante para muita gente e atinja o maior público possível.

Finalizando, espero poder corresponder ao que vocês, leitores, esperam de um blog. Não hesitem em mandar sugestões, críticas e até mesmo textos legais para o blog. Valeu!!!

sábado, 26 de dezembro de 2009

She is

She has no soul or emotions
She is only body and sensations

She has no affection or love
She is only my projection

She has no fear or faith
She is material, i can touch her

She has no destiny or fate
She is only a moment called now

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

T Vc M

Vc n m ama
T amuuuu
Vc você
T te
M me
memememe
é a linguagem informática

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sinuca

A sinuca estalava uma bola
O sinuqueiro estalava o isqueiro
O garçom estalava as moedas
E todo mundo estalava o tempo

domingo, 20 de dezembro de 2009

Eu, Mickey e Minnie

Eu trabalhava enquanto eles festejavam
Eu acordava cedo e eles comiam doces
Eu estudava e eles cumprimentava crianças
Falo de ninguém mais ninguém menos que Mickey e Minnie

Monotonia

Sentado num banco da praça

O banco esteve sempre ali

A fonte da praça quebrou
Essa foi a única mudança, pois
A fonte esteve sempre ali

A vida muda sempre
Na praça ou em qualquer lugar
Mas quem manda é a monotonia

Conta no banco

Tenho uma conta no banco
Mas
R$ - 2000,00

sábado, 19 de dezembro de 2009

La chambre

Il fait froid, mais le froid ne rentre pas
Le froid ne reste que dehors, dans le couloir
Dans la chambre, il fait chaud

Le coeur, il faut le chauffer avec un peu de vin
Le corps, avec de l'amour
Mais la chambre, il faut qu'elle reste comme elle est, fermé pour nous deux

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Minha história com os defeituosos começa em oitenta e três
Desde lá os sujos, maltrapilhos, mal lavados são minha compania

Conheci alguns heróis, mas todos malcheirosos
Convivi em becos sujos, repletos de vermes e ratos

E mesmo que houvesse medo e repugnância de tudo aquilo
Uma vontade imensa de continuar ali me tomava

E eu ia
E eu ia
E eu ia

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Vá à luta

15 de Dezembro de 2009. Faltam dezesseis dias para o fim do mundo, digo, para o fim do ano. A minha vontade de falar sobre esse assunto é maior do que a paciência de esperar até o dia 31.

Se fizermos uma retrospectiva do ano que passou, veremos que nada mudou drasticamente, nada foi tão importante que mereça ser lembrado como uma mudança, falando no âmbito geral, é claro.

Passamos por uma crise sem muitos problemas, nossas contas ficaram em dia, o Brasil é visto como um líder lá fora, empresas não param de ser inauguradas em nosso país. Até que isso foi bom, mas mudança mesmo, não houve.

Mas uma coisa pude perceber: se no âmbito da política e economia estamos do mesmo jeito, dentro da sociedade as alterações não param de acontecer, estamos mais ativos do que nunca. Vejo pessoas que lutam no seu dia-a-dia mesmo em dificuldades.

O povo brasileiro tem uma característica que me marca: um trabalhador daqui, quando perde o seu emprego, logo dá um jeito de sobreviver, vende bala na rua, cachorro-quente, faz acrobacias no sinal.

Sinceramente, eu nunca vi uma nação em que as pessoas tenham tanto senso de sobrevivência quanto a nossa. Parece que as dificuldades enfrentadas desde sempre fizeram com que aprendêssemos a nos virar, a darmos uma guinada quando tudo parece remar contra a maré.

Os exemplos estão aí, basta dar uma olhada nas pessoas que estão ao seu redor: pais, irmãos, amigos. Você mesmo, se hoje perdesse seu emprego, o que faria? Eu?! procuraria um novo emprego.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Diferenças frente a um espelho

Pobre / erboP
Rico / ociR
Negro / orgeN
Branco / ocnarB
Gente / etneG

O amanhã vai ser diferente do ontem, eu sei que vai

Como havia dito, retornei nessa sexta-feira à minha terra natal após quatro meses na cidade de São Paulo. Retornei em um ônibus por quatorze horas, passando por Minas Gerais, para, finalmente, chegar ao meu Estado natal, Goiás, município de Anápolis.

Aproveitei o tempo dentro do ônibus para repensar algumas coisas, principalmente no que diz respeito a minha maneira de agir e como tenho direcionado minha personalidade ao relacionamento com os outros.

Descobri que passei grande parte de minha vida preocupado com a reação das pessoas e, portanto, deixei de dizer coisas importantes para elas, como: gosto muito de você, você é especial. Percebi que mesmo quando fui prejudicado, ofendido e fiquei magoado com alguém deixei de dizê-lo com medo da reação.

Aparentemente fiz isso por comodismo, ou então por pura indiferença àquilo que ocorre ao meu redor. Fato é que o mundo ficou esperando uma reação minha, e não reagi. Esperavam um grito, um xingamento, aguardavam o momento em que eu pegaria um copo e jogaria no chão de tanta indignação. Mas eu não quis.

Preferi, como já disse em uma poesia neste mesmo blog, "o canto seco, sem voz, dos poetas". Preferi escrever, remoer, processar dentro de meus próprios desejos e pensamentos, tudo aquilo que tinha para expressar.

Decidi por utilizar um canto de papel, uma caneta, ou, hoje em dia, meu computador, para enfrentar todos aqueles dragões que me atormentavam do lado de fora. E assumi isso com todas as minhas forças.

Mas chegou um tempo em que tudo o que eu imaginava ser verdade absoluta era verdade unicamente para mim. Não havia mais ninguém que compartilhasse dos mesmos sentimentos que eu, ninguém que falasse das mesmas coisas, ninguém que ousasse como eu.

Quando descobri isso, percebi que seria muito sem graça pensar um mundo só para mim, em que só eu pensasse, só eu me bastasse, só eu entedesse. E comecei a me interessar mais por aqueles que estão ao meu redor: família, amigos, amantes, ou mesmo o cara que vende pipoca na praça há cinquenta anos, mas para o qual não dei a mínima atenção durante toda a minha vida.

Passei a ver que o fato de ter personalidade própria não significa que ela não precise estar ligada a algo, a alguém. E de repente algumas coisas começaram a acontecer comigo, algumas mudanças. Hoje mesmo fui a um aniversário de uma funcionária daqui de casa, a Vanusa.

Era gente simples, daquelas famílias em que todo mundo se junta na maior felicidade para celebrar uma data tão especial. Havia uns balões amarrados na porta, uns doces, um bolo lindo do pica-pau e o mais importante: havia gente.

Gente muitas vezes é a resposta que procuramos em nós mesmos. Pensamos que estamos tristes ou decepcionados, mas no fundo, no fundo estamos é isolados, num mundo só nosso. Achamos que temos problemas, mas percebemos como a Vanuza e seus filhos vivem bem, felizes, mesmo pagando aluguel, trabalhando de salário, acordando de madrugada todos os dias para colocar tudo em ordem antes de ir trabalhar.

Gente é o que somos. E no fundo, sabemos disso; apenas escondemos de nós mesmo esse fato para não termos o trabalho de abrir mão de preconceitos, valores cristalizados e paredes levantadas por nós mesmos em todo o tempo.

Até que um dia essas barreiras caem. Aí um aniversário se torna muito legal, assim como um bate-papo com a dona Maria dos doces, o seu Antônio da pipoca, a Lurdes da casa de costura, o seu Cláudio, Pedro, José, Benedito...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sobre enxergar

Estou aprendendo a olhar. Nem tanto olhar, mas ver. Digo mais, estou aprendendo a enxergar. Enxergar a velha senhora que vive escondida em sua casa esperando um dia um milagre que lhe permita viver um pouco mais. Enxergar o irmão, o pai, a mãe, as crianças da casa e a funcionária.

Estou tentando enxergar o mundo, enxergar a natureza, os seres humanos, todo mundo. Penso que dentro de poucos dias vou conseguir, se tudo correr como espero. Vai ser um pouco duro, mas quando conseguir enxergar posso passar para a próxima etapa, que é me aproximar.

O natal está chegando e, sim, eu sou daqueles que olha para trás e faz um balanço do ano que passou, daquilo que pude construir, e até daquilo que fiz de melhor. E com certeza posso assegurar que enxergar não foi meu forte. Esqueci de enxergar o cachorro que passa por acaso em frente de casa, o passarinho que entra na piscina de casa para tomar água. Esqueci, que culpa tenho? Nem passou pela minha cabeça que isso iria fazer falta.

Mas fez. O ano passou e eu não enxerguei a maior parte das coisas que passou. Fica aquela sensação de incompletude, de dever não cumprido. Mas precisei fazê-lo; tive que esquecer para relembrar, para trazer de volta com mais intensidade, para revelar o sentimento escondido no momento oportuno.

Espero não ter decepcionado os meus mestres, os meus observadores, os construtores do conhecimento. Mais do que isso, espero não ter desrespeitado os manuais, as enciclopédias e os livros. Se abandonei-os, foi por motivo de força maior: foi para poder enxergar.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

São Paulo

Desde Agosto estou morando em São Paulo. Mas minha estadia aqui já está chegando ao fim, após praticamente quatro meses. Durante esse tempo morei na Rua Fradique Coutinho número 255 apt 21. Conheci lugares maravilhosos, como o bairro Pinheiros e a Avenida Paulista. A poesia abaixo é uma homenagem a essa terra chamada São Paulo.

Poesia

Poesia compras
Supermercado poesia
Pão de açucar

Poesia Pinheiros
Fradique poesia
Temporal

Poesia paraiso
Consolação poesia
Metrô

Poesia cartão
Crédito poesia
Urbana

Poesia paulista
Avenida poesia
São Paulo

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Fala, galeraaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!

Isso aqui precisa de uma movimentada. Se por um acaso você passar por aqui e sentir no coração uma vontade imensa de postar um comentário, não hesite. Quero fazer um blog cada vez melhor e para isso preciso de sua ajuda. Abraços,

Hortelãs Hidropônicas

Delírio de mim

Hoje o delírio tomou conta de mim
Sei lá, estou tão assim

Que nada vejo além de mim
de mim
de mim
de mim

Eco dentro de mim

Sou o vazio que beira a plenitude do nada
O espaço que fica entre eu e mim

Sou eu mesmo, delírio
Sou delírio personalizado

Eu não sou o sonho
Sou o delírio, já disse

Ame a mim
Ame tudo que sou
Ame até o meu desejo

(a insensatez de minhas palavras só chegam a mim)

Hoje o delírio tomou conta de mim
Sei lá, estou tão assim

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Jogado para as traças

Saí de lá com a cabeça inchada. Ela tinha me rejeitado, jogado para escanteio, e pior, me trocado por outro. Ele chegou de fora, novo, uma pessoa maravilhosa, ela dizia; e por isso fui trocado. Perguntei várias vezes o porque, implorei para que ela não fizesse aquilo, mas foi em vão. De um dia para o outro, ela me largou, me deixou para as traças.

E as traças chegaram, me pegaram de cheio, uma atrás da outra. Fui devorado. Uma vez que minha tristeza era imensa e a fraqueza dos meus ossos não suportava nem mesmo o peso das minhas dores, fui estraçalhado, destruído, imobilizado pelos vermes.

Tentei voltar para a amada, mas era constantemente rejeitado. A negação de seu pedido era como a chuva que molha o semi-árido: a gota evapora antes de chegar ao chão. Era assim: os minutos de atenção que ela me dava eram subitamente substituídos pelos golpes certeiros desferidos sem pena nem piedade.

Me dava conta aos poucos da dor de ser rejeitado por aquela que me deu vida em um momento que eu tanto precisava, aquela que me salvou de não ter ninguém. Era tão insuportável a sensação de desamparo que busquei de todas as maneiras me libertar: drogas, cigarro, álcool, além do sexo. Vivi uma vida de cão.

Até que um dia resolvi abrir mão daquele sofrimento que tanto me atormentava. Olhei para um lado, olhei para o outro, mas não achei saída. Continuei me sentindo rejeitado, trocado, humilhado. E ela, como sempre, com um olhar de desprezo. Era ela, minha nação, meu país, que me abandonava e jogava para as traças de novo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pensa

Pensa

Pensa, pedinte

Pensa, pedinte pecaminoso

Pensa, pedinte pecaminoso, pensa

Pensa, pedinte pecaminoso, pensa, pobre

Pensa, pedinte pecaminoso, pensa, pobre, pois

Pensa, pedinte pecaminoso, pensa, pobre, pois podes

Pensa, pedinte pecaminoso, pensa, pobre, pois podes pensar

domingo, 6 de dezembro de 2009

Gol do catador

Hoje fui ao jogo São Paulo x Sport, no Morumbi. Não muito lotado, algo em torno de 35 mil torcedores, mas os paulistas estavam eufóricos com a esperança de título. Seria preciso mais do que bom futebol para levar a taça; era necessário sorte.

Uma combinação de resultados aliada a um tropeço do líder flamengo colocaria o São Paulo pela quarta vez consecutiva como o melhor do Brasil. O jogo então não poderia ser menos do que emocionante.

De ouvidos no rádio para saber os demais resultados da rodada, a torcida acompanhava entusiasmada o clube paulista meter 4x0 na equipe de Recife. Era o que todos estavam esperando, uma goleada, um jogo de raça, luta, vibração. O título não veio, inhfelizmente, mas os torcedores sairam com aqueleu gostinho de "fizemos o possível".

Depois do confronto, algo me chamou atenção enquanto esperava um ônibus para voltar pra casa. Um catador de latinha veio em minha direção e perguntou se eu já tinha terminado de tomar o meu refrigerante. Era uma coca-zero eu acho, mas pouco importa. Fato é que peguei a lata, entreguei para ele, e ele colocou na sacola que segurava.

Um golaço, uma cena de arrepiar. Imaginei naquele momento um locutor fazendo a narração daquele lance incrível:

"Felipe segue para o ponto de ônibus, espera um toque do motorista para poder subir na grande área do veículo, mas de repente, é interceptado por um catador de lixo. O catador pega a latinha, chuta com maestreza e faz um gol, gooooooooooooolllllllllll!!!!!!! Ééééééééé, do catadorrrrrrr!!!"

O catador representa quem deveria estar realmente na seleção brasileira. São pessoas que passam todos os dias trabalhando para que nós não tenhamos que tropeçar em uma latinha na rua. Eles acordam, batalham, lutam por um real que seja. E muitas vezes marcam um gol, no nosso coração. A eles minha homenagem hoje.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Um dia na história do jornalismo

Hoje conheci uma das pessoas que estiveram presentes na criação da televisão brasileira. Não é um empresário como Assis Chateaubriand, ou os fundadores da TV Tupi, mas trabalhou por lá.O nome dele é Benedito Vidal, um ex-linotipista do Diário dos Associados, que funcionava em São Paulo.

Só para relembrar, o Diário dos Associados deu origem ao primeiro canal de televisão do país, a TV Tupi. Chateaubriand, o dono, comprou dos Estados Unidos algumas antenas, transmissores e distribuiu alguns televisores pela cidade, garantindo assim que o sinal chegasse a uns poucos lares e estabelecimentos comerciais.

O seu Benedito, depois de um tempo no Diário, depois de tanto visitar a redação e dar uns pitacos de vez em quando, acabou passando de linotipista para redator e depois para repórter. "Tinha o jornalismo na veia", afirmou. Acabou ficando por lá, por vários anos.

Conheci seu Benedito por acaso, em uma das entregas de currículo que tenho feito ultimamente, a procura de emprego. Ele não tem nem o ginásio completo, mas domina com maestreza a arte de escrever.

O seu Benedito exemplifica a situação de inúmeros jornalistas que mergulham nessa profissão por prazer, paixão mesmo. São profissionais de TV, Rádio, Impresso, que entram a fundo na tarefa de colher as informações e repassá-las ao público, qualquer que seja.

Eu estou nesse meio. É um tanto complicado: concorrência, disputas internas, linhas editoriais a serem seguidas, tudo isso às vezes desanima. Mas existe uma coisa que não muda: jornalista é jornalista am todo o momento.

São anônimos que se entranham nas redações trabalhando para que a informação saia quentinha, como pão francês na padaria, todos os dias. Enfrentam chuvas, deslizamentos de terra e até terremotos.

Sua profissão é um tanto ingrata, nem sempre são recompensados pelo que fazem. Mas continuam. E a eles minha homenagem hoje.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Bar e giz

Na saída de um bar
Um quadro de giz
E a chuva que caia

A chuva apagava o quadro
E o giz descia
Escorregando pela lousa

E eu, um tanto apagado
Escorregava junto com o giz
E descia, escorria, apagando-me

Eu era a chuva e o giz
Apagava e era apagado
Mas dentro do bar, a vida continuava

Confessa, Grazi

Conheci uma vez uma menina chamada Grazi
Grazi era pura graça, graciosa
Mas também era muito espertinha

Tão esperta que fez um blog (zi-lerolero.blogspot.com)
Um blog pra falar de não sei o que
Só sei que não era de mim

Descobri que ela tem uma paixão
Muito bem escondida
É que a Grazi, sabem, ela ama um lugar

Um lugar que fica no meio do nada
Onde a natureza se esconde
onde o tempo parece não passar nunca

Um lugar onde as pessoas são demais
E vivem o tempo todo querendo mais
Estou falando de lá

Estou falando do outro lado de lá
Grazi ama esse lugar
Mas nunca quer confessar

Grazi, confessa vai
Que você gosta é de Anápolis
E que lá você quer ficar

Gerenciando a crise

Vi dois reais voando
Era a crise
Depois vi dois reais voltando
Era o pós-crise

Aí vi uma cueca
Era o real, que ia embora

A crise passou
Mas o real foi embora
Numa meia, eu acho
Foi embora
E nunca mais voltou

Foi então que um dia avistei o poeta
E ele estava sem real
Sem real no bolso, sem real na cueca, sem real na meia
Mas era o poeta

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Versos chuvosos

Hoje veio a chuva
Mas eu não sabia o que a chuva queria dizer
Eu sabia só o canto seco, sem voz, dos poetas
Mas a chuva eu desconhecia
Era então que ela chegava
E os versos que caiam do ceu na forma de chuva se misturavam com a chuva que em meu papel caia na forma de versos
Versavam chuvas
Era o sentimento que brotava
Mas eu não conhecia a chuva
Não imaginava a exatidão das suas formas, seus sons, suas riquezas
Era muito novo para saber, muito inexperiente
Mas a chuva vinha

E chovia

C H O V I A
H C H O V I
O H C H O V
V O H C H O
I V O H C H
A I V O H C
C A I V O H
H C A I V O
O H C A I V
V O H C A I
I V O H C A

Chovia em meu coração desnudo
E eu me desnudava em chuva e versos
Naquele momento eu me fazia chuva e a chuva criava forma em mim

Barulho
A chuva era agora incômoda
A chuva incomodava como uma incômoda senhora em seu fim de vida
A chuva incomodava
Mas era a chuva
E enquanto houvesse pingos
E ela fosse a chuva
Choveria versos
Versaria chuvas
E o que para o poeta eram somente versos chuvosos se tornariam gotas de chuva derramadas em um papel