segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Varrer

Na porta de casa varria
Aquela senhora varria

Varria seu marido morto
Varria o filho ausente

Varria a casa vazia
Varria o marasmo da vizinhança

Varria
Varria
Varria

A escova, já gasta, da vassoura
Esfregava ainda com esmero

E a senhora, já gasta
Varria com mais e mais força

E varria a área
Varria a cozinha
Varria a poeira

Realidade

E varreu incessantemente
Até varrer a morte
Pra dentro de casa

E morreu sozinha
Ela e a vassoura
Sem marido e
Sem filho


Tudo porque
Varreu sem saber
A morte pra dentro de casa