domingo, 13 de dezembro de 2009

O amanhã vai ser diferente do ontem, eu sei que vai

Como havia dito, retornei nessa sexta-feira à minha terra natal após quatro meses na cidade de São Paulo. Retornei em um ônibus por quatorze horas, passando por Minas Gerais, para, finalmente, chegar ao meu Estado natal, Goiás, município de Anápolis.

Aproveitei o tempo dentro do ônibus para repensar algumas coisas, principalmente no que diz respeito a minha maneira de agir e como tenho direcionado minha personalidade ao relacionamento com os outros.

Descobri que passei grande parte de minha vida preocupado com a reação das pessoas e, portanto, deixei de dizer coisas importantes para elas, como: gosto muito de você, você é especial. Percebi que mesmo quando fui prejudicado, ofendido e fiquei magoado com alguém deixei de dizê-lo com medo da reação.

Aparentemente fiz isso por comodismo, ou então por pura indiferença àquilo que ocorre ao meu redor. Fato é que o mundo ficou esperando uma reação minha, e não reagi. Esperavam um grito, um xingamento, aguardavam o momento em que eu pegaria um copo e jogaria no chão de tanta indignação. Mas eu não quis.

Preferi, como já disse em uma poesia neste mesmo blog, "o canto seco, sem voz, dos poetas". Preferi escrever, remoer, processar dentro de meus próprios desejos e pensamentos, tudo aquilo que tinha para expressar.

Decidi por utilizar um canto de papel, uma caneta, ou, hoje em dia, meu computador, para enfrentar todos aqueles dragões que me atormentavam do lado de fora. E assumi isso com todas as minhas forças.

Mas chegou um tempo em que tudo o que eu imaginava ser verdade absoluta era verdade unicamente para mim. Não havia mais ninguém que compartilhasse dos mesmos sentimentos que eu, ninguém que falasse das mesmas coisas, ninguém que ousasse como eu.

Quando descobri isso, percebi que seria muito sem graça pensar um mundo só para mim, em que só eu pensasse, só eu me bastasse, só eu entedesse. E comecei a me interessar mais por aqueles que estão ao meu redor: família, amigos, amantes, ou mesmo o cara que vende pipoca na praça há cinquenta anos, mas para o qual não dei a mínima atenção durante toda a minha vida.

Passei a ver que o fato de ter personalidade própria não significa que ela não precise estar ligada a algo, a alguém. E de repente algumas coisas começaram a acontecer comigo, algumas mudanças. Hoje mesmo fui a um aniversário de uma funcionária daqui de casa, a Vanusa.

Era gente simples, daquelas famílias em que todo mundo se junta na maior felicidade para celebrar uma data tão especial. Havia uns balões amarrados na porta, uns doces, um bolo lindo do pica-pau e o mais importante: havia gente.

Gente muitas vezes é a resposta que procuramos em nós mesmos. Pensamos que estamos tristes ou decepcionados, mas no fundo, no fundo estamos é isolados, num mundo só nosso. Achamos que temos problemas, mas percebemos como a Vanuza e seus filhos vivem bem, felizes, mesmo pagando aluguel, trabalhando de salário, acordando de madrugada todos os dias para colocar tudo em ordem antes de ir trabalhar.

Gente é o que somos. E no fundo, sabemos disso; apenas escondemos de nós mesmo esse fato para não termos o trabalho de abrir mão de preconceitos, valores cristalizados e paredes levantadas por nós mesmos em todo o tempo.

Até que um dia essas barreiras caem. Aí um aniversário se torna muito legal, assim como um bate-papo com a dona Maria dos doces, o seu Antônio da pipoca, a Lurdes da casa de costura, o seu Cláudio, Pedro, José, Benedito...

2 comentários:

  1. Cara, eu sempre fui um tipo de pessoa como esse. O pessoal sempre ri porque saio conversando com todo mundo e eu adoro o fato de fazê-lo.

    Primeiro porque a gente sempre tem a ganhar com isso...sempre aprendemos algo ou vemos a mesma coisa, mas de uma forma diferente. E muitas, vezes, essa conversa faz um bem não só para nós, mas para outro (que por vezes se viu ignorado por tantos...).

    Acho que aí tá a chave da vida.

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  2. É verdade, Cirão, acredito que podemos mudar as coisas que estão ao nosso redor simplesmente sendo mais humanos e deixando de pensar em nós mesmos somente.

    Várias são as pessoas que passam por nós sem que percebamos e demos atenção. Mas é tão bom quando aprendemos a remar contra a maré, a nos preocuparmos com coisas simples. A vida flui tão mais naturalmente. Abraços,

    Felipe

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