domingo, 9 de agosto de 2009

Ai

Fui ao médico esta semana fazer um exame de rotina. Nada demais, não fosse o local a ser realizado o procedimento. - É lá mesmo, doutor? – É, meu filho, não vai ter jeito, os exames de sangue não detectam alguns problemas nas glândulas prostáticas (próstata). Vai ter que ser no toque, mesmo, responde o doutor, com um ar tão frio que lembrou um passarinho que criava em uma gaiola aqui em casa e um dia amanheceu morto, gelado. Os médicos as vezes são maus; nem percebem que por trás de um pobre paciente existe um pai de família, que até aquele momento guardou o estatuto de homem da casa. Toda essa qualificação viria abaixo naquele dia; o que pensaria Genaro, Cláudio, Antônio, meus companheiros, meus amados, meus queridos? O que diriam quando eu lhes contasse que fui submetido a um exame de próstata.
Todas aquelas questões vinham à minha cabeça quando o médico foi dizendo: - Senta de lado na cama, meu jovem, vai ser rápido, o cínico afirmava insistentemente, cruelmente, de maneira muito, muito, muito malvada mesmo. Eu pergunto, já indefeso: - Vai doer, Doutor – Olha, a medicina não é uma ciência exata, não podemos afirmar nada com exatidão. – Como assim, doutor, não sabe se vai doer? Ah, não, desse jeito o senhor está me assustando. Eu venho aqui com o maior custo pra fazer o exame e o senhor me diz isso? – Foi só uma brincadeira, meu jovem, eheheheheh; Pode ser que doa um pouco, debochou o psicopata sádico. – Tudo bem, doutor, pode continuar, mas quero que o senhor me prometa fazer algo para pelo menos esquecer a dor depois. – Como assim esquecer a dor, meu jovem? – uai, um exame desse tipo é pra banir da mente, não? Trata de me fazer esquecer a dor – Tudo bem, vamos ver o que podemos fazer.
Viro de lado. A sensação era de total vulnerabilidade e fragilidade. Eu estava diante de um monstro sádico, insano, sem coração, muito, muito, mas muito malvado mesmo. Vejo-o um pouco longe colocando as luvas e os óculos. Pra quê os óculos? Não entendi muito bem por que um médico precisaria de óculos para um exame de próstata, mas bem, não vou entrar no mérito da questão. Só sei que a cena era bizarra... e perigosa até!!!. Ele vem, eu vejo sua imagem ficando cada vez mais próxima. Com um golpe violentíssimo, vira minha cabeça para o lado contrário para não ver a cena. Prepara o braço, aponta o dedo. .. e pimba!!! Acerta em cheio, de primeira. O filho da mãe não passou nem o gelzinho e tava lá fazendo o exame mais constrangedor que eu faria em toda a minha vida. Depois de gemidos e mais gemidos de dor, o procedimento passa. Mas aquilo tudo ficaria na memória por muito tempo. Não é algo que se esqueça com tanta facilidade; é fora do comum, só quem passa por isso para saber.
Seria um trauma enorme, não fosse a ação rápida do médico. – Tenho uma técnica trazida da Alta Escola de Manhattan que faz esquecer a dor rapidamente. – e qual é, doutor? Antes de me responder, o cabra me dá uma pancada daquela bem no meio das bolas. – Que é isso, doutor, por quê você fez isso? – Você ta pensando em que? – uai, que pergunta, na dor do saco, caramba!!!!! – Pois bem, você esqueceu da dor do exame, agora pode ir para casa. Pagamento no guichê de número 2, com a senhora Almerila, favor não se esquecer.

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