sábado, 16 de janeiro de 2010

Eu e Lucinha

Encontrei-a perdida em um bar
Com um cara que não ouso nem falar
Eu não acreditei
Que avistei
Minha amada nos braços de outro

Pedi-lhe então, em meio a um suspiro
Que me escutasse; eu, que por ela respiro
Requisitei em papel passado
Uma noite só, em que eu fosse seu amado

-Três noites te dou, serei tua, e tu serás meu
O que ela disse me surpreendeu
Combinamos, então, o encontro
Marcamos às três no mesmo ponto
Fizemos como tem que ser feito
Em segredo, como um crime perfeito
Era época de São João
Então ninguém saberia, pois todos soltavam rojão

Partimos então bem distante
Correndo, já ofegantes
E como num sonho nos amamos
E o melhor, sem grandes danos
Ninguém vigiava não
Só mesmo São João
Porque esse não tinha jeito
Tava por todo lado, vendo tudo que era feito

Mas o incrível, nessa loucura
É que São João não via feiura
Ele até gostava do que via
Por ver um filho seu na alegria
Eita noite arretada
Tinha amor, pé-de-moleque e cocada
Era eu e Lucinha

Quando vi que estava no fim
Aquela noite de eu, Lucinha e mim
Lembrei que a pobre coitada
Tinha me dado mais duas noitadas
Foi então que me acalmei
E mais duas vezes lhe beijei
-Ô, Lucinha, meu amor, não te esqueças da promessa
-Esqueço não, meu amor, terás três noites, não tenha pressa

Conclusão é que duas vezes mais nos encontramos
Tão intensas que nos apaixonamos
E Lucinha, toda amorosa
Decidiu largar o Feitosa
Pra ficar com o cabra bão
Que lhe deu o coração
O danado até que veio
Procurando por um freio
Na mais nova relação
Do interior do sertão

Chegou tarde, seu Feitosa
Sou eu que estou com a amorosa
Nem venha querer Lucinha
Pois a menina já é minha
O senhor que dava tudo
Dinheiro, ouro e veludo
Se esqueceu que a coitadinha
Não queria mordomia
Só queria um cabra doce
Que lhe desse o que preciso fosse
Para o seu pobre coração

Foi então que partimos
Pra bem longe fomos
Onde o feitosa não chega
E o coração se aconchega

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